O mundo das finanças foi sacudido na última semana pelo “sincericídio” de um executivo do banco HSBC. Diretor de “investimentos responsáveis”, ele deu uma palestra intitulada “Investidores não precisam se preocupar com riscos climáticos”.
Vocês imaginam o resultado: revolta nas redes sociais, reprimendas duras de especialistas e uma nota do CEO do banco dizendo que o conteúdo “não reflete a visão” da liderança. Kirk foi “suspenso”. Gestão de crise clássica.
O executivo não negou o aquecimento global. Seu ponto é que talvez os alertas sobre o impacto em ativos financeiros esteja exagerado, e a capacidade do ser humano se adaptar, subestimada.
O Wall Street Journal, voz liberal do mercado financeiro, defendeu em editorial que Kirk foi suspenso por “falar verdades”. No New York Times, de inclinação progressista, o economista Paul Krugman viu sua fala com um alerta ao contrário: precisamos, sim, nos preocupar com a mudança climática já.
Vale a pena assistir a palestra e formar seu próprio juízo, são apenas 16 minutos.
No slide que mais chamou a minha atenção ele compara as menções à “catástrofe climática” no noticiário e o preço dos ativos. “Quanto mais falam que o mundo vai acabar, mais o preço dos ativos sobe. Como isso é possível?”.

Pois é. Há muitos argumentos para discordar de Stuart Kirk — e ele certamente não ajudou sua tese quando disse “Quem se importa se Miami estiver seis metros debaixo d’água em 100 anos? Amsterdã está seis metros debaixo d’água há séculos, e esse é um lugar muito agradável. Nós vamos lidar com isso”.
Mas é sempre positivo ouvir visões contrárias que questionam teses dominantes. O pior que podemos fazer para salvar o planeta é aceitar pelo valor de face cada relato alarmista.
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