Bom dia!
Hoje volto a falar de comunicação com um case bacana da Apple.
Tem também podcasts, claro, e uma dica salvadora para citar frases.
Espero que gostem. Até a próxima!
— Juliano
O não-anúncio da Apple
Apple anuncia fim do iPod. Você provavelmente leu essa notícia na semana passada. Mas cadê o “anúncio” no press release que trata do assunto?

Pois é. Na verdade, a divulgação é um belíssimo exemplo de uma regra básica de PR: conte você mesmo a sua história, antes de todo mundo.
Havia um fato inexorável: o iPod deixaria de ser fabricado. A Apple poderia simplesmente deixar o produto desaparecer. Fãs iriam perceber, alguns sites de tecnologia publicariam matérias.
Mas a Apple decidiu sair na frente e definir a narrativa. Além de “anunciar” (sem anunciar) proativamente o fim do iPod, aproveitou a oportunidade para propagandear as várias alternativas para consumir música em suas plataformas, inclusive o serviço pago de streaming Apple Music.
O toque final fica por conta da bela galeria de fotos históricas do produto.
Um fim elegante para um produto revolucionário.
Vamos falar de crimes e castigos
A cada vez que somos vítimas de violência, a cada crime bárbaro que vemos na mídia, nos perguntamos: qual a resposta que a sociedade deve dar? A resposta tem sido quase sempre um endurecimento das leis penais. Mas a violência se recusa a diminuir. Fica difícil discordar: não está funcionando.
“É uma pergunta que eu acho que a gente tem que começar a fazer: eu quero satisfazer a minha raiva, eu quero retribuir? Ou eu quero que isso não aconteça mais?”, pergunta a professora Fernanda Rosenblatt no excelente podcast “Crime e Castigo”, da Rádio Novelo. Ela conclui: “Eu acho que política criminal tem que ser desenhada para que essas coisas não ocorram mais, ocorram menos, parem de ocorrer.”

Pois é. O podcast levanta ótimas questões, inclusive aquela que parece sequestrar qualquer debate desse tema: “ok, mas e se acontecer com alguém que você ama”?
As barbaridades do sistema penal brasileiro são um gigantesco elefante na sala da sociedade. Essa realidade já estava evidente no premiado podcast “Praia dos Ossos”, sobre a morte de Ângela Diniz, cuja pesquisa deu origem a “Crime e castigo”. Seus seis episódios trazem elementos para devolver alguma racionalidade à discussão.
Tem um podcast sobre isso
Podcasts são uma maneira incrível de aprender. Você ouve enquanto está em movimento — dirigindo, correndo, na academia, lavando a louça… — e pode escolher de um cardápio infinito de programas disponíveis de graça, a qualquer hora.
Sabe aquele livro que deu vontade de ler mas falta tempo? É muito provável que o autor falou dele em uma entrevista para algum podcast. O mesmo vale para o especialista num tema em que você quer se aprofundar.
Eu gosto muito do Listen Notes, uma ferramenta de busca só de podcasts, super completa, com conteúdo do mundo inteiro, inclusive do Brasil. Tem curadoria, e dá pra criar sua conta para salvar episódios.
Mas você também pode simplesmente digitar o assunto mais a palavra “podcast” no Google. Tipo essa busca para ouvir entrevistas com o autor Jeferson Tenório (falei dele aqui). O Google já traz resultados customizados para podcasts.
Na próxima vez que você ler uma entrevista ou ouvir falar de alguém bacana, ou mesmo só descobrir algo que dá vontade de saber mais, pode procurar: tem um podcast sobre isso.
Como já dizia… quem mesmo?
“Se tivesse mais tempo, teria escrito uma carta mais curta.”
Essa é uma daquelas frases geniais que dá vontade de citar com frequência. Fala sobre o ofício do texto, mas também sobre o trabalho que dá alcançar uma solução simples.
Quem é seu autor? Mark Twain? Churchill? Cicero? Nenhum desses, segundo o Quote Investigator, um site que, como promete o título, investiga citações a fundo a partir de sugestões de leitores, traçando uma detalhada (e muitas vezes fascinante) história daquela frase.
A primeira citação em inglês da frase acima aparece na tradução de um texto do filósofo francês Blaise Pascal, no século 17. Versões do raciocínio aparecem na obra de John Locke, Benjamin Franklin, Thoreau, entre outros. Vale ler o relato completo.
Numa era em que confusões sobre autorias são uma praga — “uma verdade pode viajar meio mundo enquanto a verdade está colocando seus sapatos” (descubra o autor aqui) — o Quote Investigator é um companheiro indispensável.
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