E finalmente um serviço de streaming levou o Oscar de melhor filme com “CODA”, o longa do Apple+ sobre uma família de surdos. A notícia marca uma virada na indústria do entretenimento. A linha que divide televisão, digital e cinema está cada vez mais borrada.
Se há 3 anos a indicação de Roma, do Netflix, esteve perto de gerar uma guerra na Academia, este ano os serviços de streaming estavam entre os favoritos para a categoria desde o início, com campanhas de marketing tão ou mais vistosas que as dos estúdios tradicionais.

A pandemia, sempre ela, acelerou o processo: com cinemas fechados, estúdios tradicionais correram para lançar suas plataformas de streaming, e a academia dispensou a exigência de exibição em salas para participar da premiação.
Para o executivo chefe do estúdio por trás de “Parasita”, vencedor de 2021, é uma mudança existencial:
“A realidade é que ver alguns desses filmes em casa em um portal – quando você está no controle total e pode desligá-los e ir embora, e pode alterar a maneira como o filme é editado em virtude de como você o vê – não é mais cinema.”
Tom Quinn, do estúdio independente Neon
Tem gente que se preocupa também com o poder de uma “big tech” como a Apple, que já controla tantos aspectos das nossas vidas, flexionando seus músculos em mais uma.
Farhad Manjoo, do New York times, lembra que não é novidade uma empresa de tecnologia investir em cinema: a Sony, cujo Walkman foi o “ipod” dos 80, começou nessa indústria naquela época e hoje a Sony Pictures já acumula 12 Oscars de melhor filme.
Outros que alertam para o risco de confiar o destino do cinema a empresas que parecem, às vezes, estar apenas torrando uma parte de seus lucros astronômicos numa operação de marketing. O que acontece quando um executivo mudar de ideia?
As salas de cinema não vão desparecer tão cedo. Como as reuniões ao vivo, o esporte em estádios e as viagens de turismo, farão parte de uma categoria premium de experiências presenciais, e o business terá que se ajustar. Enquanto isso, vcom a massificação da realidade virtual, ver filmes em casa se tornará cada vez mais uma experiência imersiva. Não vai demorar para você assistir um filme num cenário de cinema dentro do metaverso, “ao lado” de um amigo ou familiar do outro lado do planeta, sem levantar do sofá da sala.
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