A sexta-feira começa às 5:55 da manhã, com as primeiras aspirinas do dia. E assim seguimos na companhia do chef Anthony Bourdain até depois da meia-noite, quando finalmente deixa o restaurante Les Halles em direção a um bar numa galeria subterrânea.
Estamos no ano 2000. Aos 42 anos, Bourdain é o chef executivo de um badalado bistrô no Financial District de Nova York. Naquele ano, ele lançaria “Kitchen Confidential”, (“Cozinha Confidencial” por aqui) que catapultou sua carreira de mídia. O embrião do livro está em textos publicados na New Yorker.

Numa edição recente, a revista republicou sua descrição de um dia à frente do restaurante, que você pode ler aqui. Tão imperdível quanto seu texto anterior, de 1999, em que descrevia os segredos de uma cozinha nova-iorquina. Estão ali a ironia e o bom humor que marcariam seu estilo como autor e apresentador.
“Ainda mais desprezados do que o Pessoal do Brunch são os vegetarianos. Os cozinheiros sérios consideram estes membros do público que vai jantar — e sua facção Hizbollah, os veganos — inimigos de tudo o que é bom e decente no espírito humano. Viver a vida sem vitela ou caldo de galinha, bochechas de peixe, salsichas, queijo ou carnes de órgão é um comportamento traidor.”
Confesso que vi pouquíssimos programas de Bourdain e não li nenhum de seus livros. Os textos da New Yorker abriram meu apetite, e bem na hora: acaba de estrear nos EUA um elogiado documentário sobre a vida do chef, morto em 2018. (trailer aqui).
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