Com o desfile diário de novidades tecnológica, fica fácil ter a impressão de que vivemos o momento mais inovador da história. Um pouco de distanciamento e contexto desfazem essa ideia rapidamente, como mostra Vaclav Smil em seu livro “Numbers don’t lie”. Trata-se de leitura indicada por ninguém menos que Bill Gates, maior entusiasta da obra dele.
Na verdade, mostra Smil, a era digital é resultado da evolução de invenções surgidas décadas atrás, principalmente o microchip que equipa todo equipamento eletrônico e as ondas de rádio que transmitem as informações.
E mais: “Talvez a época mais inventiva da história da humanidade tenha sido a década de 1880”, crava ele. Foi, por exemplo, em 1882 que surgiu a geração de energia térmica e hidroelétrica, responsáveis até hoje por 80% da eletricidade gerada no mundo. E um mundo governado por microchips simplesmente não existe sem eletricidade.
E assim vai: da caixa registradora ao Wall Street Journal, passando pela bicicleta e pela Coca-Cola, os “miraculosos anos 1880” realmente concentram uma quantidade surreal de inovações que até hoje moldam a maneira como vivemos.

É possível que a tese contenha algumas ajeitadas com a mão, mas a concentração de novidades nesses 10 anos é, de fato, surpreendente. Não menos importante é constatar que não, provavelmente não estamos vivendo a maior revolução da história da humanidade. É para pensar.
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