O sonho é um desejo d’alma
N’alma adormecer
Em sonhos a vida é calma
É só desejar para ter
Tem fé no teu sonho e um dia
Teu lindo dia há de chegar
Que importa o mal que te atormenta
Se o sonho te contenta
E pode se realizar
Braguinha (ou João de Barro) já era famoso pela letra de “Carinhoso” quando começou a fazer traduções brasileiras para animações da Disney. Os delicados versos acima são da primeira cena de Cinderela (1950), interpretada por Simone de Morais. Fiquei meses cantarolando depois de assistir o filme com minha filha.
A canção voltou à cena em maio deste ano, na brilhante campanha da Nike com Rayssa Leal, a fadinha do skate. Pra lembrar: ela ganhou o apelido depois que o skatista americano Tony Hawk compartilhou um vídeo em que a menina, então com 7 anos, faz uma manobra de skate metida num vestido azul de fada, nas ruas de Imperatriz, Maranhão.
Criado pela agência Wieden+Kennedy, “Novas Fadas” coloca Rayssa andando de skate pelas ruas de São Paulo ao som da trilha de Cinderela e acompanhada pelos mesmos bichinhos animados do longa. Um clássico instantâneo.
Uma surpresa é encontrar no filme uma cidade imperfeita, pichada e suja, e bela assim mesmo. Exatamente como ela é. Tem ainda a diversão de advinhar os locais em que Rayssa executa suas manobras.
A campanha não é só um filme emocionante totalmente conectado ao propósito da marca. É também um poderoso instrumento de vendas para a linha de skate wear da Nike — finalidade última de qualquer propaganda.
É certo que a aposta de marcas em atletas sempre envolve um risco — que o digam os patrocinadores de Simone Biles (assunto para outro post). A aposta da Nike em Rayssa se pagou lindamente: ela ganharia a medalha de prata em Tóquio semanas depois do lançamento de “Novas Fadas”.