A ideia de que “artistas ruins copiam, artistas excelentes roubam” tem uma longa história. Austin Kleon faz uma defesa enfática no livro “Roube como um artista” e num ótimo TED Talk (ele até reuniu as melhores frases sobre o tema).
O trabalho de curadoria de conteúdo sempre traz um pouco desse conflito. Essas são as minhas ideias? Ou dos outros? Num 2020 pré-pandemia, surpreendido pela pergunta — “Estamos viciados nas ideias dos outros?” — entrei em parafuso e quase parei de escrever.
Felizmente, cheguei à óbvia conclusão de Kleon: se nada é original, “roube” como um artista.
No romance “Quarenta dias” (resenha aqui), a protagonista Alice vive com os bolsos cheios de papeizinhos em que copia frases. Em geral, são guardanapos daqueles bem baratos, “perfeitos para meus furtos de palavras”.
Pois é.
Cada capítulo do livro é precedido de uma ou mais citações dos mais diversos autores. Impossível não imaginar a própria Maria Valéria uma larápia de palavras que presenteia a nós, receptadores do butim, com um verdadeiro tesouro de curadoria, que abre frestas para explorar ideias novas.
Em breve, compartilharei por aqui alguns dos tesouros encontrados nesse livro poderoso.