Grandes revoluções tecnológicas da humanidade podem ser rastreadas até três partículas fundamentais: o átomo, o chip e o gene.
No começo do século 20, a descoberta do átomo e todo conhecimento da física em torno dele nos deu de semicondutores à exploração espacial — e a bomba atômica, claro.
Nas últimas décadas, o bit trouxe a era da informação e a revolução digital.
“A próxima grande revolução é baseada no gene. (…) A molécula vai se tornar o novo microchip. Isso nos permitirá inovar, combater os coronavírus, editar nossos próprios genes, combater o câncer.”
A narrativa é de Walter Isaacson, que acaba de lançar a biografia de Jennifer Doudna, Nobel de Química em 2020 pela descoberta da tecnologia que permite editar genes.
Antes, havia escrito a biografia de Einstein, papa da física, e de Steve Jobs, ícone da revolução digital.
O avanço da genética já está por trás de vacinas contra Covid-19, que ensinam o corpo a produzir defesas contra o vírus. A técnica descoberta por Doudna e seus colegas poderá nos livrar de mazelas como esquizofrenia e a anemia falciforme, mas também permitirá que pais escolham a cor dos olhos dos filhos ou dêem à luz humanos mais altos ou mais musculosos.
O desafio ético é enorme, e teremos que adotar regras claras. Por enquanto, os cientistas concordam que a tecnologia só deve ser utilizada quando for realmente necessário do ponto de vista médico. Ou seja: não pode usar para deixar seu bebê mais forte e bonito.
Como disse Yuval Harari em “Homo Deus”, “quando conectarmos computadores e o cérebro com sucesso, vamos usar essa tecnologia só para curar a esquizofrenia? Se alguém realmente acredita nisso, pode saber muito sobre cérebros e computadores, mas bem menos sobre a psique e a sociedade humanas.”
Aprenda mais:
- A vontade é ler todos os livros de Isaacson. Já coloquei na minha fila as biografias de Leonardo Da Vinci e Benjamin Franklin.
- Isaacson falou sobre a edição de genes e outros temas nessa ótima entrevista às páginas amarelas da Veja.