“Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me entregou um livro de capa preta que eu nunca tinha visto. Era o dicionário analógico de Francisco Ferreira Azevedo. (…) Isto pode lhe servir, foi mais ou menos o que ele então me disse.”
A obra se tornaria companheira permanente de Chico Buarque, que conta o episódio na abertura da edição moderna do Dicionário Analógico do professor Ferreira.
Dicionário “analógico” porque nos apresenta a palavras análogas, “cujos significados estão numa certa área de proximidade com o de alguma outra palavra”. Um parente do dicionário de sinônimos, porém mais amplo. Dicionário de ideias afins, na melhor definição.
“Com esse livro terminei novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas.”
Chico Buarque
Lançado em 1950, o dicionário ficou por décadas esgotado até ser relançado pela editora Lexikon. Nesse período, Chico vasculhou sebos e livrarias para todas as cópias que vou pela frente, formando uma coleção de “livros gêmeos”, como ele descreve.
A obra é, de fato, parceira inestimável de quem se aventura a criar juntando palavras. Já melhorou alguns textos meus, e a busca por palavras alternativas arrisca tornar-se um vício. O constante abrir do livrão postado ao lado da poltrona torna a escrita deliciosamente artesanal e demorada.
Há também uma versão “de bolso”, para o Kindle, que você pode baixar no celular para ter sempre à mão.
E a Lexikon fez também uma versão online gratuita que, se não tem toda a riqueza do volume físico, serve de socorro acessível.
Aprenda mais:
- A prateleira de dicionários e obras de referência da Lexikon é uma tentação que certamente ainda vai me drenar um bom dinheiro. Por uma ótima causa.