Em 2019, escrevi aqui que não conseguia “mais encontrar argumentos para ler um livro no papel se ele existir também como e-book”. Pois é: depois de anos de pregação radical pró-Kindle, voltei a comprar livros de papel.
Aqui uma tentativa de organizar meus conflitos sobre o tema:
O que a experiência Kindle te dá:
- Centenas de livros em 200 gramas
- Ler com uma luzinha fraca sem acordar ninguém
- Notas que sincronizam entre dispositivos — no iPhone, no computador, no iPad…
- Nunca esqueça a última página lida
- Dicionário, Wikipedia e tradução a um toque
- Amostras grátis
- Leituras guardadas da web (via Instapaper, expliquei aqui)
- Sincronização com audiobook do Audible. Pare de ler no Kindle, continue ouvindo do mesmo ponto no fone
- Comprar e começar a ler livros instantaneamente
- Busca por palavra chave
O que a experiência Kindle não te dá:
- Cheiro e textura
- Percepção visual do progresso no livro
- O ritual do livro: sentar na poltrona, pegar o lápis para anotar, talvez pegar o dicionário (me lembro de viajar com livro e um minidicionário Aurélio na mochila)
- Anotações a lápis que te ajudam a fixar ideias
- Um lindo presente, com dedicatória (nem que seja para mandar entregar)
- Edição autografada e os encontros do coquetel de lançamento (#vemvacina)
- A presença (e a constante lembrança) do livro e sua capa marcante, quando o caso, sobre a mesa, sobre a poltrona, na estante.
As vantagens do Kindle são práticas, racionais. O livro físico fala ao coração.
Feliz de me reconciliar com o papel, seguirei fiel ao meu Kindle. Às vezes até comprando as duas edições do mesmo livro.