Minha “estratégia” preferida para escolher leituras: buscar os livros que deram origem a filmes “baseados em fatos reais”. Assim foi com “O Irlandês“, em que o mafioso Frank Sheeran confessa a seu advogado a participação em vários assassinatos, inclusive de seu grande amigo Jimmy Hoffa, o lendário líder dos caminhoneiros americanos.
O livro finalmente virou filme (Netflix) pelas mãos de ninguém menos que Martin Scorcese com um elenco que é um álbum de figurinhas dos filmes de máfia: Robert De Niro como Sheeran, Joe Pesci, Al Pacino, Harvey Keitel…
O texto é uma fascinante sequência de depoimentos do “irlandês”, dados ao longo de cinco anos. Sua frieza é de arrepiar. “Quando em dúvida, não tenha dúvida”, costumava dizer seu “padrinho”, referindo-se à decisão de matar suspeitos de colaborar com as autoridades.
O livro também revela muito sobre a relação dos mafiosos com os sindicatos, em especial o dos caminhoneiros, chamado de “a instituição mais poderosa do país além do governo” por Bobby Kennedy, o procurador-geral que “caçou” Jimmy Hoffa. Lembra algo?
O autor, um ex-procurador, diz que sua paixão por interrogatórios foi despertada, vejam só, pelas entrevistas do repórter Mike Wallace nos primórdios do programa “60 minutes”.