Bom dia! Edição antecipada por causa do feriado.
Chegou novembro! E eu fiz as contas: descontando feriados e emendas, faltam 32 dias úteis para o final de semana do Natal 🎅🏻! Já pensou?
Então vamos ao que vi de mais interessante na semana.
1. Netflix e uma cultura de desempenho e transparência
Poucos discordarão que a Netflix é um retumbante sucesso. Daí o interesse em conhecer sua forte cultura interna, objeto de muito estudo e escrutínio.
- O Wall Street Journal trouxe uma matéria fascinante, com destaque para o peculiar jeito da empresa demitir, muitas vezes com e-mails para centenas de funcionários em que o corte é justificado em detalhes. Em alguns casos, o próprio demitido participou de reunião em que sua saída foi explicada à equipe.
- Líderes são estimulados a aplicar o “keeper test”: você brigaria para manter um funcionário em sua equipe? Se a resposta for “não”, então está na hora desta pessoa sair, sempre com uma generosa indenização.
- “Fazer parte da Netflix é como fazer parte de um time olímpico. Ser cortado, quando acontece, é decepcionante, mas não há nenhuma vergonha”, disse a empresa em nota ao jornal. A verdade é que demitidos da Netflix dificilmente ficam sem emprego.
No fim, apostaria que o PR da Netflix gostou do resultado, apesar de alguns relatos tristes. Nada de errado em buscar apenas os quadros com melhor desempenho, certo? Os acionistas, aliás, agradecem.
Transparência radical: Um dos pilares da cultura da Netflix é o estímulo constante ao feedback, em todos os níveis.
- “Em tese, ninguém deve se surpreender com sua demissão, por conta do volumoso feedback que recebem sobre coisas que vão de sua ética no trabalho ao tom de sua voz. Uma vez por ano, funcionários preenchem uma avaliação de seus colegas por meio de um software chamado “360”. Qualquer um pode avaliar qualquer empregado, do assistente administrativo até o CEO”, diz o Wall Street Journal.
- “Acreditamos que aprenderemos mais rápido e seremos melhores se pudermos tornar o ato de dar e receber feedback menos estressante e uma parte mais comum do trabalho. (…) Construímos confiança sendo altruístas em dar feedback aos nossos colegas, mesmo quando é algo desconfortável”, explica a Netflix na página sobre sua cultura. Candidatos são estimulados a estudá-la antes de entrar na seleção. Não parece se encaixar? Melhor nem entrar na seleção. Merece ser lida.
Quer mais? Patty McCord, que construiu a cultura da empresa junto com o CEO Reed Hastings desde sua fundação e hoje consultora na área deu uma interessante e divertida palestra em junho (íntegra no YouTube). Ela propõe um exercício: “Imagine-se daqui a 6 meses, e sua equipe é incrível. O que estará acontecendo então que não está acontecendo agora?”. Feche os olhos… Vale a pena!
2. Aos 89, o “poderoso chefão irlandês” está morto
Em 1988, a equipe de jornalismo investigativo do Boston Globe (aquela que deu nome ao filme Spotlight) revelou as relações corruptas entre o maior gangster de Boston, James “Whitey” Bulger, e agentes do FBI, que o protegiam em nome do combate à máfia italiana. À época, autoridades negaram abertamente os achados do jornal.
10 anos depois, documentos oficiais e depoimentos em juízo confirmaram as reportagens (o próprio Globe fez um “antes e depois” das declarações oficiais). Os jornalistas escreveriam o excelente “Black Mass” (“Aliança do crime”), depois adaptado para o cinema com Johnny Depp no papel do mafioso.
Condenado por 11 assassinatos brutais, “Whitey” Bulger servia pena perpétua na Florida quando foi transferido, na madrugada de terça (30), para uma penitenciária federal em West Virginia, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Horas depois, foi espancado até a morte. O principal suspeito tem ligações com a máfia italiana, delatada por Whitey em seus tempos de informante. Aos 89 anos, o “poderoso chefão irlandês” encontrou a morte em mais uma história digna de filme.
Vale a pena pagar os cerca de R$ 15 pela assinatura inicial do Boston Globe para ler o extenso material que o jornal preparou. Irmão de um poderoso político democrata, Whitey comandou o crime na área pobre de South Boston por décadas. Comece pelo longo obituário. Com a assinatura, também é possível achar as matérias originais nos arquivos. É um material precioso.
3. O que é preciso para entrar em Harvard?
O processo de admissão à mais prestigiada universidade americana sempre foi cercado de mistério. Agora, com o julgamento de uma ação que acusa Harvard de preconceito contra alunos de origem asiática, a instituição está sendo forçada a abrir seus segredos, como mostra essa matéria fascinante do Boston Globe (sim, eu achei ao ler sobre o bandidão acima).
São 42 mil candidatos para cerca de 2 mil vagas. A universidade diz que são consideradas mais de 200 variáveis (veja todas aqui).
O estudante perdeu o pai ou a mãe? Mora em áreas predominantemente rurais? Vem de uma escola em que poucos alunos buscam ensino superior? Mora num bairro em que a maioria dos adultos só tem o ensino médio? Seus pais são ex-alunos de Harvard?
Negros e hispânicos tem alguma vantagem para garantir que todos os estudantes sejam expostos a colegas de todas as origens.
Caráter e emoção também contam. Um depoente contou de uma candidata que fez brilhar seus olhos: bailarina, fazia um estágio num laboratório de pesquisa, tinha notas altíssimas, um emprego de meio período e ainda cuidava do pai doente.
No fim das contas, Harvard quer estudante que trará algo especial para seu campus, diz um consultor. Agora compare isso com o vestibular ou o Enem. 🤔 Pois é.
Pensando em tentar? Durante o julgamento, vazou um detalhado documento a ser seguido no próximo processo de admissão.
4. Por dentro da cabeça do brasileiro
Durante as eleições, o G1 ofereceu aos eleitores uma ferramenta para identificar suas afinidades com candidatos a presidente. Mais de 1 milhão de pessoas responderam a 30 perguntas sobre temas como educação, economia e impostos. A metodologia vem de uma empresa canadense.
Encerrada a eleição, o portal está usando os dados como pesquisa de opinião. Ponderada pelos dados da população brasileira, é possível conhecer o que pensa o brasileiro sobre questões essenciais no atual debate político.
Eles estão rigorosamente divididos, por exemplo, sobre se um professor deve ter liberdade para ensinar “diferentes perspectivas políticas”. A enorme maioria, no entanto, concorda que o governo deve oferecer ensino gratuito da creche à universidade. E por aí vai.
O G1 está publicando os resultados ao longo dessa semana — os links estão ao final de cada matéria. Vale a pena acompanhar, e talvez qualificar melhor frases do tipo “o povo quer” tal coisa.
5. Stories, o produto mais importante do Facebook
Nesta semana, Mark Zuckerberg, o CEO do Facebook, fez sua call trimestral com investidores. A palavra “stories” foi usada 71 vezes, pela contagem do pessoal do Recode. “Stories são o mais importante e interessante produto do Facebook”, diz a matéria.
A funcionalidade, copiada do Snapchat, está presente no Instagram, no Facebook e no Whatsapp. Ainda é um problema gerar dinheiro, mas são “o futuro”, diz Zuck. “As pessoas querem compartilhar de maneiras que não ficam por aí permanentemente, e quero garantir que abraçaremos isso totalmente.”
Só no Instagram, já são 400 milhões de usuários diários de Stories. O Snapchat tem menos de 200 milhões. Pois é. Em sua newsletter, o professor americano Scott Galloway, autor de “Os Quatro – Apple, Amazon, Facebook e Google. O Segredo dos Gigantes da Tecnologia” arrisca prever que a venda do Snapchat é uma questão de tempo, e ainda aposta na Disney ou na Amazon como prováveis compradores. Bem interessante.
Por aqui, o Brazil Journal fez um belo perfil do Instagram, sob o título “O que todo CEO deveria saber sobre o Instagram”. A coisa está séria: “O UBS recomendou a inclusão de métricas como números de seguidores, ‘likes’ e interações no Instagram nas análises e decisões de investimento na hora de se avaliar ações de empresas como Gucci, LVMH e Burberry”.
6. 🎧🎸 “A banda que vai salvar o rock”
A frase me foi dita por um leitor destas “Dicas”, que sugeriu prestar atenção nos moleques do Greta van Fleet, banda americana com sonoridade assustadoramente parecida com o Led Zeppelin, em especial pelos vocais de seu líder. O primeiro álbum completo do grupo acaba de sair.
Se eu fosse você, ligava a playlist “Greta van Fleet complete” e injetava eletricidade na sua quinta-feira pré-feriado. A música mais tocada deles no Spotify, “Highway Tune”, já está na nossa playlist oficial. Ainda não segue? Vai lá!
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Obrigado pela leitura, e um bom feriado a todos!